Isobel Bowdery tem apenas 22 anos e, na passada sexta-feira, assistiu ao ataque terrorista ao Bataclan, em Paris, tendo revelado todos os seus sentimentos através de uma publicação na sua página de Facebook. As palavras desta jovem estão a tornar-se virais nas redes sociais e já contam com quase 140 mil partilhas.
“Nunca pensamos que vai acontecer connosco. Era apenas uma sexta-feira à noite num espetáculo de rock. O ambiente era tão bom e todas as pessoas estavam a dançar e a sorrir”, é desta forma que Isobel começa o seu texto, mostrando a normalidade que tudo apresentava no início de um fim-de-semana em Paris.
“Quando os homens entraram pela porta da frente e começou o tiroteio, ainda pensámos, ingenuamente, que fazia tudo parte do concerto”. As sensações de felicidade foram brutalmente assassinadas pela realidade nua e crua que pôs fim ao concerto. “Não foi apenas um ataque terrorista, foi um massacre”, frisa.
Através de palavras, a jovem relembra as dezenas de pessoas baleadas à sua frente, as “poças de sangue”, “os gritos de homens adultos”… “Futuros destruídos, famílias com os corações partidos”, refere Isobel Bowdery, que jamais olhará para o mundo da mesma forma.
“Chocada e sozinha, fingi estar morta mais de uma hora, a suster a minha respiração, a tentar não me mexer, não chorar – não dando a esses homens o medo que desejavam ver. Tive uma sorte incrível em sobreviver. Mas muitos não o fizeram”, assume, relembrando os mortos do ataque e a enorme quantidade de feridos, e referindo que as imagens daqueles homens a assombrarão o resto da vida.
“Esperava a qualquer momento que me dissessem que era um pesadelo. Mas fazer parte deste horror abriu-me os olhos para os heróis. Para o homem que me tranquilizou e colocou a sua vida em perigo para tapar a minha cabeça, para o casal que trocou palavras de amor, fazendo-me acreditar no lado bom do mundo, para a polícia que conseguiu resgatar centenas de pessoas, para os estranhos que me agarraram na rua e me consolaram (…)”, apenas humanos com quem Isobel se cruzou, e tantos outros que fazem parte das vítimas destes ataques.
“Nada irá apagar a dor. Quando me deitei no sangue de estranhos, à espera da bala que acabasse com os meus meros 22 anos, imaginava cada rosto que já amei e sussurrei ‘eu amo-te’, uma e outra vez, desejando que soubessem que não importava o que me aconteceu, mas para manterem o lado bom das pessoas, para não deixaram que aqueles homens ganhem”, escreveu.
“Ontem à noite, muitas vidas foram mudadas para sempre e cabe a nós ser pessoas melhores, a viver uma vide que as vítimas inocentes desta tragédia sonharam, mas infelizmente agora não serão capazes de cumprir. Descansem em paz, Anjos. Vocês nunca serão esquecidos”, concluiu a jovem, com palavras fortes de quem podia não ter saído do Bataclan com vida.
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